ATA DA DÉCIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 19.04.1990.

 


Aos dezenove dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Oitava Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Décima Sétima Sessão Ordinária e da Ata Declaratória da Décima Sexta Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da Décima Quinta Sessão Ordinária, da Primeira Sessão Especial e da Quinta Sessão Solene, deixaram de ser votadas face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 26/90 (Processo nº 706/90); pelo Ver. Décio Schauren, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Executivo nº 16/90 (Processo nº 654/90); pelo Ver. Ervino Besson, 06 Pedidos de Providências; pelo Ver. João Dib, 01 Emenda ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 22/89 (Processo nº 2436/88); 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Executivo nº 16/90 (Processo nº 654/90); pela Verª Letícia Arruda, 03 Pedidos de Providências; 01 Pedido de Informações; 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 08/90 (Processo nº 724/90); pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Providências; 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Wilson Santos, 01 Pedido de Providências; 01 Pedido de Informações; 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 07/90 (Processo nº 717/90); pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 07/90 (Processo nº 717/90). Ainda,foram apregoados os Processos nos 770 e 771/90. Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nos 01/90, da Comissão Especial constituída para examinar o Veto Total ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 19/90; da Comissão Especial constituída para examinar o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 05/90; do Grêmio Esportivo dos Funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre, GECAPA; da Comissão Especial constituída para examinar o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 05/89. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Dilamar Machado, registrou faltar apenas cinco meses para as eleições dos Executivos e Legislativos Estaduais e para os Legislativos Federais, destacando que deverão ocorrer grandes alterações no quadro político hoje apresentado pelo País. Discorreu sobre a indicação do nome do Dep. Mendes Ribeiro para o Governo do Estado, pelo PMDB, dizendo que essa candidatura vem sendo construída pelos meios de comunicação. Defendeu a criação de uma unidade das forças populares para as eleições de outubro do corrente ano. O Ver. Vieira da Cunha comentou denúncia de abandono em que se encontraria prédio localizado no Jardim Itu-Sabará, que deveria ser destinado à instalação de um CIEM Especial para Deficientes. Destacou existir público interessado na utilização desse CIEM, não se justificando o abandono do local. O Ver. João Dib discorreu sobre as pré-candidaturas existentes para o Governo do Estado. Teceu comentários sobre o Hospital de Pronto Socorro, sua fundação e o atendimento ali oferecido à população. Discordou da concessão de um aumento de 61% às tarifas do DMAE, dizendo estar encaminhando Emenda visando à diminuição desse índice. Lamentou que os técnicos daquele Departamento não estejam recebendo a devida valorização de parte do atual Governo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz comentou pronunciamento do Ver. Dilamar Machado, acerca das eleições para o Governo Estadual a ocorrerem em outubro próximo. Discorreu sobre a atuação do Dep. Sérgio Zambiasi com vistas ao pagamento das viúvas do Montepio da Família Militar em cruzeiros e não em cruzados novos, como vinha ocorrendo até o momento. Discorreu sobre a importância deste Deputado dentro do quadro político apresentado pelo País. O Ver. Ervino Besson congratulou-se com a direção e os funcionários do Hospital de Pronto Socorro pelo atendimento que oferecem à comunidade. Comentou Rodeio ocorrido na Zona Sul de Porto Alegre, no último fim de semana, parabenizando-se com os organizadores do evento. Discorreu sobre a falta de segurança pública observada na Cidade, relatando visita feita ontem à família da Rua Cirilo Leite Torres que, no espaço de vinte dias, já foi assaltada seis vezes. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Wilson Santos denunciou irregularidade observada na Escola de 1º e 2º Grau Artur da Costa e Silva, cuja professora da Disciplina de Filosofia encontra-se há dois anos residindo em Brasília, recebendo sua efetividade pela 1ª Delegacia de Ensino, onde consta estar S. Sª em Licença para Tratamento de Saúde. Questionou a forma como tal efetividade foi concedida, declarando existirem suspeitas de encontrar-se essa professora à disposição do Senado Federal. E o Ver. Adroaldo Correa registrou a luta da categoria dos jornalistas pela concessão de seu dissídio coletivo, referente ao mês de março. Relatou fato ocorrido com o estudante de jornalismo Elói Dutra Terra, segunda-feira à noite, quando foi intimado pela Brigada Militar, perdendo pertences e sendo coagindo a não apresentar denúncia aos órgãos competentes. Reportou-se ao pronunciamento do Ver. Vieira da Cunha, acerca do CIEM do Jardim Itu-Sabará, dizendo que a utilização dessa escola vem sendo devidamente encaminhada pela Secretaria Municipal de Educação. Saudou a iniciativa da Profª Vera Lages, de inclusão de classes especiais na Escola Loureiro da Silva. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente apregoou Requerimento do Ver. Artur Zanella, solicitando a renovação da votação do Projeto de Lei do Executivo nº 82/89 e do Veto Parcial a ele aposto. Às quinze horas e vinte e seis minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann ): A Mesa apregoa os seguintes Projetos: PLE nos 19 e 20/90, Processos nºs 770 e 771/90.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, por dez minutos. (Pausa.) Ausente. A seguir, o Ver. Dilamar  Machado.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos a pouco mais de 5 meses de um pleito tão ou mais importante do que o ocorrido no ano passado neste País, porque é uma eleição que vai decidir o comando político de toda Nação, através dos governadores de Estados e uma renovação sabidamente muito grande, alguns analistas chegam a admitir em 80% do Congresso Nacional. Segundo o Ver. Zanella, está fazendo bons augúrios para que eu faça parte dessa renovação, com o que concordo e trabalho nesse sentido. A Assembléia Legislativa do Estado por certo também terá uma renovação, porque a eleição proporcional de 1986 se deu em cima de uma das grandes vigarices políticas da história da Nação, porque foi uma eleição calcada no Plano Cruzado, cujos efeitos equivocados começaram a se desfazer quando as urnas ainda estavam com os votos. Na realidade, foi uma vigarice que só teve superação na história deste País pelo atual Plano, que também tenta conduzir o eleitorado da Nação a um novo equívoco no dia 3 de outubro. Parece-me parece apenas que o cálculo foi equivocado em termos de tempo. É muito tempo para que a Nação continue enganada. Mas eu venho à tribuna para desfazer alguns equívocos que envolvem o PDT. É minha responsabilidade, como Líder da Bancada nesta Casa, não vou dizer denunciar, mas constatar uma campanha que está sendo feita, nos últimos dias, através não de um, mas na prática de todos os órgãos de comunicação da massa no sentido, primeiro, de desestruturar a candidatura natural do PDT ao Governo do Estado, do companheiro Alceu Collares e, por outro lado, para fabricar uma candidatura que, indiscutivelmente, traz a marca de uma grande empresa de comunicações, que é a candidatura do Dep. Mendes Ribeiro. Basta o ouvinte, o telespectador atento prestar atenção e ver que a RBS está construindo diariamente, paulatinamente, esta candidatura que, sabidamente, não tem trânsito dentro do próprio partido a que está filiado este jornalista-deputado, até porque a exigência que ele fez para concorrer pelo PMDB foi a de receber uma carta-aberta do então Governador Pedro Simon de que ele não tem compromissos com PMDB.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria dizer, dentro deste tema, que efetivamente eu tenho notado um périplo municipal dos candidatos que agora resolvem fazer programa no interior e isso termina dando razão a Ver. Dilamar Machado, V. Exª foi um excelente radialista, àqueles que querem tirar os radialistas 4 meses antes, porque o que está ocorrendo é uma campanha eleitoral em que coercitivamente o ouvinte tem que ouvir uma pessoa de Três Passos, Três Coroas, Irai, e por aí afora. Em segundo lugar quero dizer que não vou votar no Dr. Alceu Collares, provavelmente, eu sou amigo dele e gosto muito dele, mas eu gostaria que V. Exª o alertasse sobre os amigos que ele tem no seu Partido, o Sr. Prefeito de Pelotas, como correligionário e provável votante do Dr. Alceu Collares, com esse amigo e com esse correligionário ele não precisa nem de inimigos e nem de adversários.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Eu agradeço o conselho do Companheiro Artur Zanella, mas na realidade o Collares, já hoje, no jornal Correio do Povo, define o Prefeito de Pelotas como um político pouco experiente. Eu acho que se o Companheiro me dá este tipo de definição eu já me sentiria elogiado no bom sentido. Na realidade o lançamento da candidatura do Brizola ao Governo do Rio Grande do Sul, feito pelo Prefeito de Pelotas, acobertado por uma boa parte de interesses de desestabilizar a candidatura de Alceu Collares, faz parte de um plano de um projeto grande, mas eu tenho a impressão, e faço alerta aos companheiros de que à noite passada ainda – e aqui eu volto ao fato das comunicações de massa e dos companheiros que apresentam programas interiorizados e fazem homenagem ao aniversário dos Municípios e mandam recado diariamente - a noite passada eu viajei com Collares a Sobradinho, quase 300km, saímos daqui ao cair da tarde e voltamos às 3h da madrugada para reunir lá duas centenas de companheiros. Mas eu continuo neste caminho, que acho que é o mais correto, pelo menos o mais sério, ainda acho que fazer política é mais honesto neste País do que enganar o povo, do que iludi-lo através de conceitos falsos, de posições dúbias e eu vou lembrar que um desses comunicadores lembrados por sua empresa para ser o futuro Governador do Estado, quando assumiu a sua cadeira na Câmara Federal fez uma promessa pública de que mensalmente em sua coluna do Jornal Zero Hora publicaria o seu contra-cheque de Deputado Federal; publicou, é verdade, no primeiro mês e nunca mais, nunca mais falou tampouco no assunto. Segundo a promessa desse cidadão: “Vou ser constituinte e vou abandonar porque sou mesmo é um homem de comunicação.” O Dr. Flávio Alcaraz Gomes, de cujo Programa participei esta semana pela manhã, não mandou dizer, declarou na Rádio Guaíba que os Srs. Mendes Ribeiro e Adroaldo Streck, que haviam prometido concorrer apenas naquela eleição para ajudar a fazer a Nova Constituição, vão ter que concorrer de novo, porque a lei os obriga, declararam isso de público. Gostaria de voltar à análise que iniciei a fazer, do nosso desejo, como trabalhista, de construir para essa eleição uma unidade séria das chamadas forças populares do Rio Grande e o nosso primeiro apelo é à direção do Partido Trabalhista Brasileiro, ao companheiro Luiz Braz, companheiro Morelli e particularmente à figura do Deputado Sérgio Zambiazi, que vem sendo utilizada nos últimos dias, nas últimas semanas como uma espécie de coringa dos desesperados. Ontem ouvi uma notícia, no final do programa Jornal do Almoço da RBS TV que é um verdadeiro escândalo em matéria de enganação da opinião pública desse Estado. A notícia foi exatamente esta: “As viúvas do Montepio da Família Militar que estavam recebendo em cruzados passarão a receber, agora, 40, 50 mil cruzeiros por mês, graças a Sérgio Zambiazi e Nelson Marchezan que foram juntos a Brasília e conseguiram juntos essa liberação.” Quer dizer, isso além de ser uma mentira é uma vigarice, é uma enganação, Ver. Luiz Braz, isso é fazer pouco do próprio Dep. Sérgio Zambiazi. Quero pedir ao companheiro Braz que o Dep. Zambiazi desminta publicamente esse equívoco a que o povo do Rio Grande está sendo submetido e que pelo menos não permita que misturem o seu nome a outras candidaturas que não são do seu Partido, embora eu tenha pessoalmente o maior respeito pelo Dr. Nelson Marchezam, mas não pode a RBS inventar notícia, plantar notícia desse jeito, porque foi dessa maneira que esse cidadão que está hoje governando o País chegou à Presidente da República.

 

O Sr. Luiz Braz: Ver. Dilamar Machado, V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)  Ver. Dilamar Machado, na verdade o Dep. Sérgio Zambiazi esteve em Brasília para tentar se encontrar com o Presidente da República, Dr. Fernando Collor de Mello, mas se entrevistou com o Dr. Marcos Coimbra. Isto aconteceu há duas semanas, e o objetivo dessa visita do Deputado Sérgio Zambiazi a Brasília foi exatamente esse, exatamente fazer com que as viúvas do Montepio pudessem receber em cruzeiros um dinheiro que estava retido em cruzados. Então, pelo menos parte da notícia, eu não sei se esta que envolve também o nome do Dr. Marchezan, e esta é verídica. Agora, que o Zambiazi esteve lá e com este objetivo e recebeu do Dr. Marcos Coimbra inclusive a resposta de que iriam tomar providências no sentido de que as viúvas recebessem em cruzeiros, essa é absolutamente correta.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Ver. Braz, pergunto a V. Exª: V. Exª acredita que um Governo autoritário como este vai receber um Deputado Estadual do PTB e em função desse pedido liberar esse recurso? V. Exª acredita que seja esse efetivamente o desfecho dessa novela? Atrás disso, Vereador, há uma montagem, montagem muito grande, é verdade, que o Dr. Mendes Ribeiro também permanentemente clama pelas viúvas do Montepio, que o Dr. Antonio Brito, diariamente, clama pelas viúvas do Montepio, que o Dep. Ibsen Pinheiro clama pelas viúvas do Montepio.

O que me chama a atenção é a notícia plantada, é o desejo de uma empresa de construir uma imagem pra cá, uma imagem pra lá, mas que jamais terá no bojo dessas construções a candidatura do Collares ou a candidatura do Tarso Genro.

O que quero chamar a atenção da Casa, para os companheiros do PT, do PTB, do próprio PDS, é que precisamos construir uma eleição séria neste Estado. Já tivemos um desfecho equivocado na Nação, o povo já foi induzido a erro, vamos começar a sofrer os fatores brutais dessa indução e deste erro nas próximas semanas. Nós precisamos pelo menos salvar o Rio Grande, que até agora tem feito uma política mais honesta e mais decente, evitando, não permitindo que se engane o povo, desmoralizando candidaturas sérias e construindo candidaturas desonestas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao próximo orador, a Mesa comunica que recebeu um Requerimento do Ver. Artur Zanella, solicitando renovação de votação do Projeto de Lei do Executivo nº 082/89, Veto Parcial, que estabelece o montante da reserva de índice construtivo para fins de alienação e o respectivo plano de distribuição.

Com a palavra o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, recebi, esta semana, um telefonema de um morador do Bairro Jardim Sabará, e este cidadão me relatava sua preocupação com o que ele classificou de abandono de uma obra pública naquele bairro. E me dava conta de que essa obra se referia à construção de um CIEM Especial. Na Administração Collares estava projetada a construção de um CIEM para deficientes, uma escola de turno integral para deficientes. E pedia a minha assessoria que visitasse esse local e me informasse a respeito. E hoje, pela manhã, esta visita foi feita, acompanhada de um fotógrafo desta Casa. E se constatou que não se trata de uma obra abandonada. Mas, de um prédio construído, acabado, com todas as condições de funcionamento, mas que, inexplicavelmente, se encontra fechado. Há alguns sinais de abandono, mas mínimos, que se referem ao mato que está tomando conta, o prédio em si está acabado, nenhuma janela sequer, nem um vidro quebrado, ou seja, está em plenas condições de uso e de funcionamento. Procuramos algumas informações junto à comunidade que cerca o prédio e recebemos, inclusive, de um dos moradores, uma cópia de um comunicado da própria Prefeitura que dizia o seguinte: “Atenção, crianças portadoras de deficiência mental moderada, de 6 a 14 anos, vagas na Escola Municipal Especial Prof. Luiz Lucena Borges, Parque do Sol. Não deixe seu filho sem escola, inscreva-o de 10 de outubro a 20 de novembro, das 14 às 17h, na Escola Especial, no Parque do Sol. Prefeitura Municipal. SMEC.”

Este documento fez ainda aumentar a minha perplexidade, porque foi distribuído na comunidade um chamamento para que as crianças se inscrevessem para cursar aquela Escola no ano de 1990. As informações que colhi na comunidade foi que havia cerca de 60 crianças inscritas para cursar esta Escola Especial. E razão pela qual, pelas informações todas colhidas, se trata aí de um caso, para mim, inexplicável. Existe um prédio pronto e acabado, existe procura, existe demanda, existe a necessidade do funcionamento da escola, porque, afinal de contas, o prédio não está funcionando? Por que ele está fechado? É esta a indagação que eu trago aos companheiros Vereadores, e especialmente aos companheiros da Bancada do Governo, no sentido de que seja esclarecido, porque nós temos um prédio pronto em condições de funcionamento para esse setor importantíssimo da educação do nosso Município, que é a educação especial para deficiente, e simplesmente o prédio está lá sem funcionamento. E se por acaso houver dificuldades numa resposta, nós então oficializaremos essas preocupações através de um pedido formal de informações ao Executivo a respeito desta matéria.

 

O Sr. Jaques Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Vieira da Cunha, a respeito do pronunciamento de V. Exª, eu pergunto a V Exª se esse prédio foi construído na Administração do Prefeito Alceu Collares.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: A informação que eu tenho é que iniciaram a construção na Administração Collares e a maior parte dela foi feita na Administração Olívio Dutra.

 

O Sr. Jaques Machado: É porque na Administração do então Prefeito Alceu Collares houve o início de uma rejeição por parte da comunidade, quando falaram que ali iriam instalar essa Escola para deficientes. Até houve uma Reunião junto à Associação dos Moradores da Vila Ipiranga, e não foi aceito por essa comunidade o colégio para deficientes, porque diziam que era colocação de monstrengos. Então o Prefeito Alceu Collares levou essa obra para o Centro de Deficientes no Bairro Cristal. Então, talvez a escola esteja parada devido à rejeição da comunidade. Então, precisaríamos averiguar para chegar à veracidade desse fato que V. Exª coloca. Até porque nós, integrantes da Zona Norte, fiscalizaremos de perto a respeito do seu pronunciamento, para chegarmos a uma conclusão séria e exata desse episódio. Muito obrigado.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu agradeço o aparte de V. Exª, e mais uma vez fico chocado com esse tipo de informação, porque além de parte da comunidade do Bairro Cristal, que se manifestou desfavorável ao CIEM especial Eliseu Paglioli, no Bairro Cristal, havia outra comunidade ou parte de comunidade em Porto Alegre tão insensível que tenho é que apenas o início da obra tinha se dado no Governo Collares, mas que, na verdade, foi concluída já no Governo Olívio Dutra. O que é mais uma razão para estranhar por que essa escola, afinal de contas, não está funcionando como deveria. Fica aqui a indagação e ficamos no aguardo de alguma informação por parte dos companheiros da Bancada do Governo e, se esta informação não vier, então tomaremos a providência no sentido de requerer formalmente as informações através do expediente regimental. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib por cessão dos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Leão de Medeiros.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje é dia de elogiar o Pronto-Socorro e criticar o DMAE. Gostaríamos até de pedir uma explicação: eu ouvi falar aqui de tantos candidatos a Governador do Estado que nunca li em lugar nenhum que fossem realmente candidatos. Vi que são candidatos a candidatos. O Dr. Alceu Collares é candidato a candidato a governador do Estado. Mateus Schmidt, Leonel Brizolla, Tarso Genro, Raul Ponte também. Dr. Mendes Ribeiro, José Fogaça, Cezar Schirmer, candidatos a candidato a governar do Estado. Agora, tem um que não é se não quer. Este é. Então, quando falar em candidato a Governador sei que está falando no melhor, porque é o único que tem aí, Nelson Marchezan. Os outros não são ainda. Então,  quando estão elogiando o candidato, estão elogiando Nelson Marchezan. Mas de qualquer forma eu disse que hoje é dia de elogiar o Pronto-Socorro, e o Pronto Socorro é razão de orgulho – esta Casa tem mostrado reiteradas vezes – de todos nós. Iniciada sua construção na administração José Loureiro da Silva, sem dúvida nenhuma um dos maiores Prefeitos que esta Cidade já teve, alguém que sentiu seus anseios, na seios da Cidade, da população, as necessidades da população, e buscou soluções para essas necessidades e anseios, começou construir o Pronto-Socorro, não o concluiu na sua passagem pela Prefeitura, mas, em seguida, o Dr. Antônio Brochado da Rocha o concluiu, já o recebeu quase pronto e o inaugurou. Mas vi, também, em 1963, o Dr. José Loureiro da Silva, como Prefeito, instalar uma campanha meritória, realizada pela Rádio Guaíba, para o mais moderno equipamento de Raio-X, àquela época, lá no Pronto-Socorro, procurando dar atendimento cada vez melhor à população. O Pronto-Socorro, ainda que mal situado geograficamente, ainda que tenha dificuldade de acesso, continua sendo um extraordinário hospital, que ao longo destes 46 anos vem salvando vidas, através de uma equipe extremamente dedicada, de médicos e para-médicos, não se distingue ninguém, todos merecem o nosso elogio, merecem o nosso carinho e alguns, ainda hoje vimos, iniciaram atividades lá no Pronto-Socorro juntamente com os primeiros dias de atendimento e devem ter hoje razões sobradas de satisfação, porque vêem que aquela semente, plantada na administração Loureiro da Silva, frutificou e deu motivos para que Porto Alegre e os porto-alegrenses se sintam bem em razão de um grande hospital, de um grande atendimento e que, mesmo agora, criado o Pronto-Socorro da Zona Norte, não tirou, nem um pouco, aquele atendimento que o Pronto-Socorro Municipal vinha fazendo, e vai continuar fazendo ao longo dos tempos. Formulamos votos de que hoje, quando completa 46 anos, novas soluções sejam encontradas para seus servidores, para aquela casa, que vem sendo remodelada, ampliada, desde a administração Telmo Thompson Flores. Este ano parece que não há nada de reforma ou melhoria, mas, de qualquer forma, a administração atual ainda tem tempo de fazer algo mais. Mas eu disse que tenho que fazer uma crítica ao DMAE, e vou fazer. Eu não vejo por que o DMAE precisa de 61% para ajustar a tarifa à realidade. Nós fizemos uma Emenda propondo que apenas 14,78% sejam dados ao DMAE, até por reconhecer que, se ele tinha direito de fazer o reajuste de acordo com o IPC, na forma da lei e não fez, por desinteresse, até desconhecimento, e acredito nisso, uma vez que, de repente, entendeu de fazer além, acima do IPC, e o Prefeito foi advertido pela Câmara Municipal porque estava excedendo a lei. Então, em janeiro não fez reajuste, março não fez, abril e maio tentou recuperar, em junho fez um pouco mais, e depois de advertido fez religiosamente todos os reajustes mensais permitidos, e a tarifa veio dentro de uma realidade que estamos vivendo. Mas se o DMAE conseguiu superar o ano de 1989 emprestando dinheiro para o Município pagar o funcionalismo, se o DMAE conseguiu ser tolhido com alentadas somas no over e open, e não estava errado por isso, significa que ele vinha bastante bem, agora, os 14,78, devem reajustar, e até diria que aquele Projeto de Lei que o DMAE encaminhou para cá, através do Executivo, não deveria ser aceito, porque está estabelecendo uma forma de dispensa em metros cúbicos, que não dá para avaliar, que não tem como fiscalizar, despesa de pessoal. Olha, o DMAE tem uma equipe reconhecida, como reconhecida é a equipe do Pronto-Socorro, uma das melhores, mas a Organização Mundial da Saúde, através do Dr. Catanino, que era um assessor que vinha a Porto Alegre, dizia da sua impressão forte da capacidade dos técnicos do DMAE. Hoje eles estão relegados a plano secundário, temos diretores que nunca tinham entrado no DMAE, temos um assessor direto que também não tinha entrado no DMAE, e em compensação temos outros engenheiros, químicos, biólogos, que lá estão sem fazer nada, até porque não deixam. Estou lembrando quando o DMAE disse que tinha que fazer um racionamento de água na zona sul, porque a hidráulica da Tristeza não estava tratando a quantidade normal de água, alguém aqui, neste Plenário, plantador de arroz, disse o que um engenheiro daqueles que estava afastado também havia dito: quando desce o nível do reservatório se baixa a tomada de água, limpa a grade e a calha, e aí um daqueles engenheiros do DMAE, que não fazem nada porque não deixam, deu um conselho e coincidiu que o arrozeiro, aqui no Plenário, e o Engenheiro do DMAE sabiam que baixa a tomada de água, limpa a calha e a grade e a quantidade de água chega. Não é um rio como o Guaíba, que vai baixar o nível tão fácil para deixar faltar água na Cidade. Portanto, a nossa crítica ao DMAE e até um pedido: nem a emenda apresentada por nós deve ser aprovada, o projeto deve ser rejeitado, e até depois, se quiserem fazer um novo projeto pedindo o reajuste 14,78% eu acho justo. Mas é que aquele projeto, no seu art. 1º, é muito complicado para análise sem uma auditoria permanente, porque então ele põe mais alguns supervisores, superintendentes lá no DMAE, criaram novos e traz gente de fora, aumenta a despesa e o público, a cada 3 meses, de acordo com aquele projeto, paga as tarifas que o DMAE propuser, porque nós estamos dando um cheque em branco. Mas eu tenho fundadas esperanças de que esta Casa não vai dar esse cheque ao DMAE. Por mais que eu goste do DMAE, eu estou pedindo que não seja dado a ele e à direção, esta ou qualquer outra, um cheque em branco. Nós temos algumas vezes dado cheques em branco, como quando nós quisemos que voltasse aqui o IPTU e nós ficamos, muito poucos Vereadores, pedindo que voltasse aqui, porque a maioria, em acertos, retirou a possibilidade de a Casa examinar um problema que é o maior interesse da Cidade. Portanto, esperamos que o Projeto do DMAE não tenha aprovação no seu art. 1º, e se for reajustado, que seja nos 14,78, que é de justiça. Mas não ficando preocupado que vá diminuir o número de investimentos, que não vai diminuir, basta saber fazer investimento com os recursos que tem, que não são poucos. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra em tempo de Liderança o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu lamento a ausência do meu amigo, líder da Bancada do PDT, Ver. Dilamar Machado, porque o que eu vou falar refere-se ao pronunciamento que S. Exª fez desta tribuna, relatando uma notícia do jornal que dava ciência de que o Dep. Sérgio Zambiasi havia estado em Brasília e quando da sua estada em Brasília, na solicitação que fez para áreas do Governo para liberação da transformação de cruzados em cruzeiros para as viúvas do Montepio da Família Militar, obteve êxito nesta sua petição e isto agora está sendo evidenciado pelas notícias dos jornais. Quero fazer um aparte para dizer que o Dep. Sérgio Zambiasi esteve em Brasília para fazer esse pleito junto ao Presidente da República, o Ver. Dilamar Machado respondeu que o Sr. Fernando Collor de Mello não ia aceitar pedidos de um Deputado qualquer. É aí que eu acho que incorre em erro o Ver. Dilamar Machado. Eu não tenho nenhum tipo de procuração para defender o Dep. Zambiasi, a não ser a amizade que nós temos, a mesma profissão em rádio, as cores partidárias, mas não precisamos ser amigos e nem conhecermos demais o Dep. Zambiasi para sabermos que o Deputado que obteve praticamente 400 mil votos para chegar à Assembléia Legislativa, não é um Deputado qualquer. E não podemos ignorar que o próprio Fernando Collor, quando veio ao Rio Grande do Sul fez questão de procurar o Dep. Sérgio Zambiasi, e não apenas o Fernando Collor, como o ex-candidato, Leonel Brizola fez questão de procurar também o Dep. Sérgio Zambiasi, e, diga-se de passagem, que naquela oportunidade ofereceu apoio à candidatura do Leonel Brizola e naquela época eu não ouvia o Ver. Dilamar Machado dizer que o Dep. Sérgio Zambiasi era um deputado qualquer. Nós estamos entrando agora num novo período eleitoral, onde a confrontação de forças vai novamente se estabelecer, onde as coligações estão sendo realizadas e não sabemos ainda quais são os poderios que vão ser colocados frente à frente. Há entendimentos em todas as áreas. O Dr. Alceu Collares, por exemplo, está procurando fazer com que suas forças se redobrem para que ele possa chegar com chances; o Dr. Marchezan faz o mesmo, e assim fazem todos os outros candidatos. Isso é absolutamente normal. Absolutamente normal. Agora, acredito que o Ver. Dilamar Machado incorre num erro que, na minha opinião, é crasso. De repente, porque alguém não está – ou pelo menos ainda não está, porque as coisas não estão definidas, no momento dentro das suas fileiras, formando a corrente de forças que vai fazer com que o seu partido possa chegar até o poder no Estado, que esse deputado, de uma hora para outra, seja considerado um “deputadozinho” que não vai ser ouvido pelo Dr. Fernando Collor de Mello. Posso afirmar e reafirmar: estive com o Dep. Sérgio Zambiasi, antes de ele ir a Brasília, e depois também, e posso afirmar com certeza que ele fez esse pedido para áreas do Governo, no sentido de transformar os cruzados em cruzeiros, a parte das viúvas do Montepio, e não sei se foi apenas esse pedido. Mas o que ele recebia de resposta do Dr. Marcos Coimbra é que providências estavam sendo tomadas no sentido de que aquele pedido que o Dep. Sérgio Zambiasi levou até Brasília pudesse ser aceito. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra em Tempo de Liderança, devidamente autorizado pelo seu Líder, o Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com todo o respeito ao meu nobre companheiro e amigo Ver. Luiz Braz, não ouvi o discurso do Ver. Dilamar Machado. Mas creio que ouve um mal entendido de V. Exª. Não ouvi o discurso. Digo isso porque, inclusive, comentamos o nome do Dep. Sérgio Zambiasi, até o Ver. Dilamar Machado lhe tem muita admiração, portanto, quero que fique registrado, mesmo não ouvindo o discurso do companheiro Dilamar Machado, creio que – e até gostaria de ouvir, para pôr a limpo a dúvida – pelo menos para este Vereador ficou uma dúvida. Creio que é esse caminho para ser clareado. Quero que fique claro que não ouvi o discurso do Ver. Dilamar Machado. Eu gostaria, depois, inclusive, de ouvir o discurso do Ver. Dilamar Machado para podermos colocar a limpo essa dúvida, que pelo menos para esse Vereador ficou um mal entendido. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu teria aqui, hoje, quatro assuntos importantes que eu traria para esta Casa, mas cinco minutos passam rápidos, vou tentar enumerá-los. Primeiro Hospital Pronto-Socorro vem resolvendo problemas seriíssimos para este Vereador e casualmente, ontem, foi mais um dia que o Pronto-Socorro resolveu um problema, gostaria que ficasse nos Anais desta Casa o meu agradecimento, mais uma vez, para o Hospital Pronto-Socorro. Segundo problema também que está hoje atingindo seriamente é o do Hospital São Pedro, que eu não vou me deter neste assunto, mas só para o registro dos companheiros Vereadores. Terceiro problema que eu quero registrar: acho que no último fim-de-semana no nosso Município de Porto Alegre ficou marcado, pela primeira vez, um acontecimento muito gratificante e de muito destaque para a população de Porto Alegre, principalmente para aquela população da Zona Sul, na qual houve o “Primeiro Rodeio” – pelo menos que é do conhecimento desse Vereador – aqui da Cidade de Porto Alegre, extremamente grande, extremamente gratificante para aquela Região, pela representatividade de povo que lá esteve presente, e creio que vou voltar a esta tribuna e levar ao conhecimento dos senhores, porque pedi àqueles companheiros que fizessem o levantamento de dados, a quantidade de pessoas que lá comparecem àquele Rodeio. E tenho certeza absoluta de que foram muito mais que 10 mil pessoas.

Quatro: problema de segurança, muito sério para a nossa Cidade de Porto Alegre, como é do conhecimento de todos os companheiros Vereadores, que têm vindo nessa tribuna preocupados com o problema da segurança da nossa Cidade de Porto Alegre. No dia de ontem, este Vereador foi visitar uma família que sofreu seis assaltos em uma semana na sua casa. A pessoa que morava nessa casa, segundo informações de vizinhos, chama-se Zilon Roberto Dúlio, e na segunda-feira pela manhã, ele e sua esposa arrumaram o resto que sobrou de suas coisas e saíram sem rumo e sem dizer nada a ninguém de tão apavorados que estavam. O medo que eles estão sentindo é tal que sequer deram o endereço de onde estariam para qualquer vizinho.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que a situação e a insegurança que o povo de Porto Alegre está vivendo e enfrentando é dramática. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Clóvis Brum. Ausente. A seguir, o Ver. Wilson Santos em Comunicações.

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu até gostaria que a mesa e os Vereadores presentes pudessem aquilatar se o fato que vou relatar é grave ou gravíssimo. Eu fiz uma Indicação, no ano passado, no dia 9 de junho, ao Governador do Estado, onde eu fazia uma denúncia. A Escola de 1º e 2º Grau Artur da Costa e Silva estava, na época, sem professora na disciplina de Filosofia. Havia a instalação, naquela época, do QPE, e a informação que eu recebi é que essa professora estava há 2 anos em Brasília. E o pior é que essa professora recebia a efetividade da 1ª DE e eu não entendia por quê. Evidentemente que não vou falar para não registrar nos Anais. Talvez pelo calor da denúncia, tinha algum fato desabonatório à conduta da professora, sobre o que estaria fazendo em Brasília. Eu evidentemente que esse aspecto deixei de lado. Vamos ver o aspecto legal e correto, porque o fato de estar lá invalida. Não quero saber o comportamento pessoal e particular da pessoa. Eu quero saber é que educação é prioritária, é séria, é um fato de altíssima responsabilidade e uma professora que está fora do Estado, eu tinha indícios de um fato atípico e irregular. Até faço questão de ler a Indicação e tenho meia resposta da Auditoria, que passarei a ler em seguida. (Lê a Indicação.)

O primeiro processo foi perdido, eu fiz uma outra Indicação, e o Dr. Júlio Carvalho Machado, da Ouvidoria, este documento bateu nas mãos dele e ele resolveu investigar, aí foi se ver que o primeiro processo não existia. Foi montado um segundo processo com a segunda Indicação e aqui está a resposta do Ouvidor: (Lê resposta do Ouvidor.)

Agora, vejam uma coisa: dois anos de licença, já teria que estar aposentada. É no meu entender uma situação irregular, houve necessidade de dar ao Governo de protestar a resposta, porque a Ouvidoria não deu a resposta definitiva, porque não diligenciou. Eu me dou o direito, aqui e agora, de fazer as minhas suspeitas em cima da má-prática política, porque eu tenho informações de que essa professora está à disposição de um Senador. Há suspeitas e se confirmam, porque o atestado-médico é dado pelo Senado. Acho que não pode um político do Senado da República dar proteção, dar guarida, a alguma coisa que nos parece extremamente irregular e anti-ética, fere totalmente a ética e fere, fundamentalmente, o princípio prioritário da educação, porque estamos vendo aí e até assinalei aqui, que o Governo tem feito contratos emergenciais; para que os contratos emergenciais? Para suprir esse tipo de coisa, a professora tem 40 horas, ocupa o lugar de dois professores, não dá aula e aí o Governo tem que fazer contrato emergencial para poder suprir.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É o problema desse Governo. Acontece que esse Governo inaugurou escolas apenas para a imprensa divulgar, dou um exemplo vivo, estive fazendo uma reportagem, hoje pela manhã, em 3 escolas estaduais na Vila Elisabeth, uma delas, a Escola Estadual Décio Martins Costa, pena que não tem nenhum Vereador da Bancada do PMDB, essa escola teve um pavilhão de dois pisos inaugurado em agosto de 1989, onde estive como repórter fazendo cobertura, só que até agora não foi utilizada, apesar de ser tudo novo, parquê, tijolinho à vista, muito bonitinho, um prédio de primeira qualidade, olhando de fora, até agora não entrou em funcionamento, as crianças estão estudando nos pavilhões antigos, de madeira, em que o forro está caindo, chove, dia de chuva não dá para dar aula no meio do banhado, sabe por que Ver. Wilson? Porque o engenheiro ao construir se equivocou e colocou fiação elétrica de fio muito fraco e não pode acender lâmpada porque queima tudo. Em agosto de 1989 foi inaugurado, e até agora o Governo Estadual não tomou nenhuma providência, e aí obrigam os pais a colocarem os filhos nas escolas.

 

O SR. WILSON SANTOS: Acolho o aparte do Ver. Edi Morelli e digo finalmente, Sr. Presidente, que a educação é alardeada como prioritária e espero que fatos como o Ver. Edi Morelli falou tenham uma atenção maior, como seja investigado, esse caso e, através deste caso, verificar antes outros que me são informados que existem semelhantes a esse. Peço ao Governo do Estado que esclareça o que a Auditoria já está procurando esclarecer. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz, que cede seu tempo ao Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero registrar, ao início, duas breves notas, uma por pertencer à categoria, ainda que desligado, dos jornalistas, que tem o seu dissídio com data base em março e embora insistentes e renovadas negociações, até este momento, dia 19 de abril, não conseguiram conquistar da sua patronal uma proposta razoável de atendimento aos interesses da classe.

Acreditamos que o dissídio na Justiça possa repor algumas verdades das reivindicações dos trabalhadores, que pedem a correção salarial devida. Até acho que esta Casa deveria se pronunciar, estamos providenciando, o Ver. Lauro Hagemann, eu e outros Vereadores que tenham alguma relação com a categoria, um documento em que depois recolheríamos a assinatura dos Vereadores, para encaminhar aos Juízes, à Junta em que o Processo está tramitando, para ver se 4000 famílias envolvidas com as reivindicações dos jornalistas no Estado possam ter o resultado abreviado do ponto de vista do julgamento, na medida em que a negociação direta, esta que passará a nortear a relação entre trabalhadores e seus empregadores não tem resultado nas negociações amistosas no mínimo de atendimento às necessidades dos trabalhadores.

O outro é um fato, apesar de individualizado, do ponto de vista do fato ocorrido, registra um tema por demais lamentável: o estudante de Jornalismo Elói Dutra Terra, operário metalúrgico de Porto Alegre, retornava de uma viagem, de Vitória, Espírito Santo, já na madrugada de segunda-feira, saiu do aeroporto a pé, até a Av. Brasil, em busca do seu ônibus. Pedia para ser assaltado, diz o Ver. Edi Morelli. Talvez fosse uma oportunidade em que ele estivesse arriscando a vida, diante do clima de insegurança na Cidade. Esse estudante de jornalismo percebeu que o seu ônibus passava na Av. Brasil e correu para pegá-lo. Perdeu o ônibus. E até determinado momento ainda corria, desacelerando o seu passo, portava uma pequena bagagem e foi intimado pela Brigada Militar a prestar identificação. Não só perdeu a mala como também 4 mil cruzeiros, para dois brigadianos, em uma viatura, testemunhado por duas pessoas que passavam no local. E foi coagido na área onde foi registrar o ocorrido para desistir da denúncia em função de que “talvez não fosse bem assim”. Só que o estudante de jornalismo não recuperou o seu dinheiro. Tem as testemunhas, tem a denúncia, tem o nome da pessoa que tentou desestimulá-lo, está sendo também alvo do acompanhamento da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. E, só para acrescentar, esse cidadão é negro, e foi talvez por isso violentado no seu direito de ir e vir, às 11 horas da noite, no Município de Porto Alegre, pela autoridade que deveria protegê-lo e zelar pela segurança. Não é a corporação, tenho certeza, mas quem vigia o vigia?

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, V. Exª diz que tem dados concretos, testemunhos, eu acho que o Vereador não pode ver alguém ser assaltado por quem lhe deveria dar segurança, parece ser um dado estranho. Então, com todos os dados que o Vereador tem, acho que o documento deve ter...

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: O movimento popular em defesa da luta anti-racista na Cidade está encaminhando o processo, tem o nosso apoio, e nós formalizaremos Moção a este plenário e acreditamos que o movimento está representado objetivamente por seus representantes mais diretos e nós temos a solidariedade, fazemos a denúncia, repercutimos ela aqui, mas ele já está em andamento e formalizado.

 

O Sr. Edi Morelli: Uma pessoa que mora em Porto Alegre, sabendo da insegurança que sofremos, com 4 mil cruzeiros no bolso, sai do aeroporto, uma zona horrível, que é despoliciada, caminhar por ali, com 4 mil no bolso, pediu para ser assaltado. Agora, é difícil de acreditar que tenha sido assaltado por policiais militares.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: É difícil, embora tenha ocorrido de fato e tenha o registro do número da viatura, nome dos soldados e, inclusive, testemunhas que sabem que isso ocorreu. O fato do Vereador pensar que o fato da Cidade ser insegura impede o cidadão de andar na Cidade, de forma alguma elide o ocorrido. Aconteceu e é indigno que tenha ocorrido desta forma.

Ver. Vieira da cunha, nós, consultando a Secretaria da Educação, temos a seguinte informação a respeito de sua preocupação expressa da tribuna hoje: a escola especial do parque do sol foi concluída em dezembro pela Administração Popular. O concurso para profissionais especializados já foi feito e as nomeações feitas, encaminhadas. O processo de avaliação das 60 crianças cadastradas está em fase de conclusão e uma equipe multidisciplinar, com critérios além do simples cadastramento, por isso uma morosidade maior na seleção que determinará a constituição de 6 turmas de dez alunos, na medida em que esta avaliação não pode selecionar enquanto superdotado, ou portador de deficiência a pessoa que não esteja nesta condição, porque cria trauma e entendemos que, segundo avaliação da Secretaria de Educação do Município, em alguns dias essa escola estará em funcionamento e inclusive já equipada.

 

O Sr. Vieira da Cunha: É exatamente essa preocupação e V. Exª confirma tudo que eu tinha dito da tribuna. A minha preocupação não é o capim, é exatamente isto: de que a denúncia que me chegou de que estava abandonado não conferia. E a minha preocupação é exatamente que não se tratava de mais uma obra abandonada, tratava-se, sim, de um prédio concluído e que não estava em uso. E nós não podemos nos dar ao luxo de ter um prédio, ainda mais para este setor específico da população, que é o deficiente, pronto, acabado e sem uso. Agora, eu quero dizer a V. Exª que estes argumentos não me convencem, primeiro, porque professores habilitados nós temos, concursados, desde o final do Governo Collares e do início da Administração Olívio Dutra. O concurso foi feito e já foi homologado há quase um ano. Portanto, poderiam ter sido chamados os professores já para o início deste ano letivo. E V. Exª mesmo diz que o prédio está pronto e acabado desde dezembro do ano passado...

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: E tramita, conforme V. Exª deve ter ouvido, a fase final da entrega do prédio pelo empreiteiro, que é uma documentação que deve ser concluída, observada, para ver se o prédio corresponde à realidade objetiva de como foi planejado, na sua construção, em função de não ocorrer o que o Ver. Edi Morelli denunciou há pouco aqui, de que uma escola foi inaugurada em agosto do ano passado pelo Estado e tem o seu funcionamento prejudicado pela instalação elétrica que, a toda hora em que se liga, queima. Isto deve ser feito pelo Município: verificar criteriosamente a obra. Agradeço o seu aparte e, para concluir, gostaria de acrescentar o seguinte: essa escola será referência de um Centro de Informação de Professores Especiais. E ainda mais: gostaria de saudar, com prazer, a iniciativa da Professora Vera Lage, que, em algum momento inicial, enfrentou determinada determinação da Prefeitura Municipal, com resistências à formação de classes especiais na Escola Loureiro da Silva e, hoje, depois de uma experiência piloto, concluiu que, em um mês e seis dias, conseguiu alfabetizar uma turma especial e concorda com a possibilidade de inclusão de classes especiais. Este programa tem a adesão da professora desde um mês e seis dias atrás, e a alfabetização está concluída. Gostaríamos de registrar aqui a adesão, não ao Projeto da Administração Popular, mas a uma filosofia que respeita a inteligência que há no deficiente e que deve ser buscada no portador de deficiência, que não é incapaz para a vida. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão.

(Levanta-se a Sessão às 15h26min.)

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